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Creches municipais possuem déficit de 105 professores

Sérgio Menezes

Professora cuida de crianças de 4 e 5 anos na creche Georgina Atra Hawilla, no bairro Duas Vendas

As creches públicas de Rio Preto têm um déficit de pelo menos 105 professores. O resultado são salas superlotadas de crianças, professores estressados e falta de estrutura física. Realidade que prejudica o desenvolvimento pedagógico e pode resultar em maus-tratos contra alunos, como ocorreu no fim do último ano na creche Caminho do Futuro, zona norte da cidade, onde cinco professoras são alvo de inquérito policial por maltratar bebês. O Ministério da Educação (MEC) preconiza, nos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, um número máximo de alunos para cada professor, conforme a faixa etária da criança (veja quadro nesta página). No entanto, ao menos 23 das 45 creches administradas por entidades e conveniadas com a Prefeitura de Rio Preto desrespeitam a diretriz, que também é recomendada pelo Conselho Municipal de Educação. Das 28 unidades que se dispuseram a informar o número de alunos por faixa etária, apenas cinco cumprem o requisito mínimo do MEC - as demais se negaram a repassar informações ou os responsáveis não foram localizados. O maior déficit está no berçário 2, com crianças de 1 a 2 anos - 32 docentes. Na Caminho do Futuro, logo no início da manhã, a professora Fabíola Renata Soares cuidava de 15 crianças entre 1 e 2 anos, o dobro do recomendado pelo MEC, com a ajuda de uma estagiária. Ela aparece maltratando as crianças em vídeos gravados pela própria direção da unidade em novembro e dezembro do último ano. As creches admitem o problema. “O número (de professores) não é excelente”, diz Fabiana do Carmo Ribeiro, coordenadora da creche Ielar, no Jardim Itapema. Muitas unidades contam com docentes em número suficiente mas, como os profissionais são distribuídos em turnos, ocorre o desfalque em determinado período. Para o promotor da Infância e Juventude de Rio Preto, Cláudio Santos de Moraes, o déficit é resultado da política da Secretaria de Educação do município em eliminar a fila de espera por creches, zerada em 2009, conforme a secretária Telma Vieira. “Estão entupindo as unidades sem proporcionar a estrutura educacional necessária”, diz. Mesmo assim, para o promotor, não cabe ao Ministério Público investigar o problema. “Essa situação deve ser resolvida internamente pela Prefeitura”, afirma. A psicóloga especialista em educação infantil da Unesp Lígia Ebner explica que o período de 0 a 3 anos de idade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo do bebê. “Nessa fase, a criança precisa de estímulos, o que eleva a sua autoestima e aguça sua curiosidade. Em uma classe de poucas professoras, a interação com o aluno fica prejudicada, o que pode acarretar prejuízos no processo educacional futuro. Creche não é depósito de crianças.”


 
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